Carol Lima de Carvalho é Doutoranda em História do Tempo Presente na Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. Tem Mestrado em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP (2019) e Graduação no curso de Licenciatura em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC (2016). É Vinculada ao AYA -Laboratório de Estudos Pós-Coloniais e Decoloniais e Vice-Presidente da Associação de Mulheres Negras Antonieta de Barros (AMAB). Pesquisadora associada ao Centro de Estudos Culturais Africanos e da Diáspora (CECAFRO) da PUC/SP e Conselheira no Conselho Estadual das Populações Afro descendentes de Santa Catarina (CEPA/SC). É uma das fundadoras do projeto AfroPower Ubuntu e integrante da coordenação da Marcha de Mulheres Negras em Santa Catarina (2015).
O presente artigo busca apresentar alguns aspectos acerca da trajetória de vida de sete mulheres negras na cidade Florianópolis. Diante da conjuntura de uma historiografia que invisibiliza as histórias e memórias afro-diaspóricas, há uma necessidade em evidenciar as epistemologias e narrativas plurais sobre e por população negra no sul do Brasil, reconhecendo, sobretudo as dinâmicas políticas, culturais, sociais e econômicas de mulheres negras. Ao caminhar para esta perspectiva, este artigo tem como protagonistas as mulheres que compõem a minha família, sendo minha bisavó, Gesuína Adelaide dos Santos, minha avó paterna, dona Zenair Maria de Carvalho e minha avó materna, dona Ada Jesuína dos Santos. E também as professoras Neli Góes Ribeiro, Altair Alves Lucio, Valdeonira Silva dos Anjos e Maria de Lourdes da Costa Gonzaga fundadoras da Associação de Mulheres Negras Antonieta de Barros (AMAB). Elas apontaram, e ainda apontam, a relevância daquelas que as antecederam, pois lutaram por equidade de direitos, no âmbito da educação, saúde e cultura, fazendo com que elas pudessem organizar dinâmicas de (re)existências. Através de entrevistas e leitura dos documentos de acervos pessoais, o objetivo é apresentar reflexões sobre suas trajetórias de vidas atravessadas pelo racismo, machismo e sexismo, e que apesar disso elas permaneceram resistindo, principalmente ocupando e construindo universos culturais negros, como por exemplo, o carnaval. Por este motivo, o artigo apresenta a importância em reconhecer suas presenças e protagonismos na construção da cidade, assim como suas epistemologias plurais no sul do Brasil. O artigo insere-se nos estudos sobre universos culturais negros, interseccionalidades, decolonialidade de corpos, tradição oral, oralidades e ancestralidades, questões basilares do campo dos estudos pós-coloniais e decoloniais.