Marcello Felisberto Morais de Assunção é professor adjunto de Educação das Relações-Étnico-Raciais na UFRGS e professor visitante de Teoria e Filosofia da História do Instituto Latino-Americano de Arte, Cultura e História (2020-2021). É coordenador do Núcleo Pensamento Afrodiaspórico e suas Conexões (NEPAC/UFRGS) e membro da rede Historiadorxs Negrxs (RHN). Também já foi analista de pesquisa da Comissão Nacional da Verdade e PNUD-Brasil.
Sua formação é extensa, possuindo pós-doutorado em Letras Clássicas e Vernáculas FAPESP-USP (2017-2021), assim como graduação, mestrado e doutorado em história pela Universidade Federal de Goiás (2008-2017). Pertence desde 2014 ao grupo de pesquisa Portugal e Brasil no mundo contemporâneo: identidade e memória e é membro de grupos sobre o estudo da imprensa e do grupo interinstitucional História & Linguagens. Realizou pesquisa de campo em Goa (Índia) durante os meses de junho a julho de 2018 e janeiro a fevereiro de 2019 e 2020.
Tem experiência na área de História, com ênfase em Estudos Étnico-raciais, ERER, História Atlântica e Teoria da História, atuando principalmente nos temas de imprensa, história atlântica luso-afro-brasileira, Colonialismos-imperialismo-neo-colonialismo, Estudos Étnico-Raciais, ensino de história e cultura afro-brasileira.
Tese de Doutorado
A sociedade luso-africana do Rio de Janeiro (1930-1939): uma vertente do colonialismo português em terras brasileiras
Resumo: Nosso objetivo principal nessa tese é analisar o projeto colonial da Sociedade LusoAfricana do Rio de Janeiro, tendo como fonte primordial de estudo os vinte volumes do seu Boletim (1931-1939), como também os livros, cartilhas e outras produções oriundas dos membros da Sociedade. Para realizar esse intento, num primeiro momento (capítulo I) analisamos as condições de emergência do “nacionalismo imperial” do qual o boletim é somente uma das expressões. Nos outros quatro capítulos, buscamos entender as diversas especificidades do Boletim. No capítulo II evidenciamos a trajetória da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro em suas duas grandes fases: da crítica velada ao salazarismo e a busca por uma grande “coalização panlusa” (1931-1934) até a repulsa ao Estado Novo dos últimos anos (1935-1939), apreendendo essas transformações a partir de diversas fontes, mas primordialmente através dos editoriais do Boletim. No III capítulo buscamos explorar os sentidos políticos do “panlusitanismo” no seio do contexto mais global dos “pan-etnicismos”, abordando também a partir do boletim e da obra “Cartilha Colonial”, de Augusto Casimiro” o discurso panlusitano. A frente, no capítulo IV, fizemos uma análise do projeto colonial dos gestoresmilitares republicanos e sócio-correspondentes da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro, dando ênfase as críticas que estes faziam às práticas coloniais do salazarismo e o espelhamento idealizado no “modelo Norton de Matos”. Por fim, no capítulo V, perscrutamos as relações entre a historiografia do colonialismo e os estudos africanistas com um ideário de “vocação imperial” tão presente no saber colonial hegemônico nos anos 30. Em suma, o exame destes discursos permitem visualizar no seio do Boletim, e das publicações da Sociedade, a particularidade do colonialismo republicano em meio à hegemonia política salazarista nos anos 30. Estes irão ser uma vanguarda do reformismo colonial que só ganha força nos anos 50. A derrota do seu projeto nos anos 30 é uma expressão de que em tempos de Estados Novos a retórica “democrática” (mesmo que restrita ao discurso) não tinha espaço.
Acesso em: https://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/6960