Esta pesquisa visa identificar e analisar a constituição de territórios negros em Laguna (SC), em especial, nos espaços de devoção católicos, a partir de narrativas do presente de mulheres e homens negros lagunenses e suas memórias, ancoradas em seus corpos, vivências e experiências na cidade. Nesse sentido, a pergunta que suleia este trabalho é: quais sentidos e sentires estão presentes em suas narrativas e memórias que possibilitam significar os espaços de devoção católicos na cidade enquanto territórios negros? Como documentos de pesquisa foram mobilizados registros orais, obtidos a partir de entrevistas com mulheres e homens negros lagunenses, bem como, arquivísticos (processo, cartas, ofícios, jornais e fotografias). Para o desenvolvimento da pesquisa, utilizei como metodologia a perspectiva de costura da memória (PAULINO, 2018) almejando construir um panorama acerca das experiências das populações negras na cidade de Laguna – entendida enquanto um espaço geopolítico localizado na Améfrica (GONZALES, 1988) – e a constituição de seus territórios de devoção. Para tanto, a estrutura do trabalho apresenta, na primeira parte, uma narrativa histórica acerca do território denominado Morro de Nossa Senhora do Rosário, localizado no centro da cidade de Laguna, e da capela nele construída na segunda metade do século XIX por africanos(as) e seus(suas) descendentes. Já na segunda parte, a pesquisa constituiu uma narrativa histórica acerca da Devoção de Nossa Senhora do Parto, situada dentro da Igreja Matriz de Santo Antônio dos Anjos, bem como, das disputas travadas entre seus devotos e as autoridades eclesiásticas na primeira metade do século XX. Tal discussão busca visibilizar a Igreja Matriz enquanto território negro constituído pela ocupação e (re)existências de africanos e seus descendentes nesses espaços.

Palavras-chave: História do Tempo Presente; Territórios negros; Narrativa histórica; Laguna; Experiência negra.

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Autoria

Willian Felipe Martins Costa (Doutorando – PPGH/UDESC)

Graduado e mestre em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC/FAED). Doutorando do Programa de Pós-graduação em História da UDESC e integrante do AYA – Laboratório de Estudos Pós-coloniais e Decoloniais. Atua em pesquisas e projetos de extensão nas áreas dos estudos Afro-brasileiros, Pós-Coloniais, Decoloniais e História de Santa Catarina.