Kaê Guajajara é uma mulher indígena do povo Guajajara, natural de Mirinzal, no Maranhão, lá conviveu com seu povo, e mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança onde viveu nas favelas do complexo da Maré passando a ter acesso ao funk e outros gêneros da música periférica brasileira. Cantora, compositora, atriz, autora e ativista indígena brasileira, disseminando a MPO: Música Popular Originária, Kaê é fundadora da Azuruhu, uma gravadora voltada para a carreira de artistas indígenas.
O seu álbum mais recente foi lançado no ano passado, no Dia da Amazônia, celebrado no dia 05 de setembro. Chamado de “Forest Club”, o terceiro álbum de estúdio da artista conta com uma mistura de sonoridades partindo da musicalidade indígena com funk, disco, dance music, afrohouse, amapiano, french house, funaná, pop e eletrônica. Contendo 18 faixas, a produção do álbum foi realizado por Patrick Dias Couto, que também fez mixagem e masterização, e foi co-produzido por Nakata. A direção executiva foi feita pelo coletivo Azuruhu, no qual a artista já fazia parte.
Em entrevista para a Vogue Brasil ela conta:
“Passei por uma complexidade de estudos, incluindo escalas diferentes de música. O que mais se evidenciou foi a expansão dos ritmos e, além disso, a narrativa que se ampliou. Agora, não estamos apenas abordando temas como sobrevivência e violência que nos afetam. Este novo álbum vem para lembrar que também podemos ser felizes e explorar outras formas de viver e resistir”

O álbum faz essa mistura na qual a floresta e o eletrônico coexistem, a ancestralidade se faz beat, tambor e resistência. É mais do que um álbum, pois reconfigura possibilidades da música indígena feita nas aldeias, quilombos, e nas favelas. A ideia central do álbum é a criação desse “clube na floresta”, um lugar onde a batida do tambor se mistura com o grave do eletrônico, e onde a dança é resistência.

A musicalidade do álbum é híbrida e ousada: do trap ao afrofuturismo, passando pelo funk, rap, techno e o resgate de cantos indígenas, Forest Club dialoga com o contemporâneo sem perder a conexão com a terra. Em algumas faixas, a língua portuguesa se mistura, preservando o idioma de sua etnia Guajajara, o ze’egete. Os beats são ora dançantes, ora ritualísticos. O álbum tem colaboração de artistas que contribuem para criar uma sonoridade única e vibrante como Dino d’Santiago, Gaby Amarantos, Rincon Sapiência, Pablo Bispo, Felipe Cordeiro, Manoel Cordeiro, Joss Dee, DJ Salu, Ruxxel, DJCasDaGrock, Casa de Onijá e DJ Kaim.

Autoria

João Gabriel Santos Pinto (Bacharelado em História – UDESC/FAED)
Graduando em Bacharelado em História na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC/FAED). Trabalha como bolsista de extensão no Laboratório de Estudos Pós-Coloniais e Decoloniais AYA.
REFERÊNCIAS
Referências:
GUAJAJARA, Kaê. Kaê Guajajara evidencia vivências pessoais e enaltece a
natureza em “Forest Club”. Vogue Brasil. Setembro, 2024. Disponível em:
<https://vogue.globo.com/cultura/musica/noticia/2024/09/kae-guajajara-evidencia-vivencias-
pessoais-e-enaltece-a-natureza-em-forest-club.ghtml
Produtores musicais: Patrick Dias Couto e Nakata.





