A REDE – ESTUDOS AFRICANOS E DA DIÁSPORA é um grupo voltado ao desenvolvimento de ações conjuntas e projetos de pesquisa e extensão relativos às realidades africanas no passado e no presente. A Rede se caracteriza por sua abordagem aos Estudos Africanos partindo de perspectivas inseridas nos estudos Pós-Coloniais e Decoloniais, buscando neste ponto de partida não só reconhecer e problematizar a persistência de óticas eurocêntricas ligadas à colonialidade, mas compreender a necessidade de abordagens e epistemologias comprometidas às lógicas e perspectivas africanas.
Nesse sentido, é pontual considerar que a REDE – ESTUDOS AFRICANOS E DA DIÁSPORA constitui-se como proposta iniciada no cenário acadêmico em diálogo com instituições e setores vinculados aos movimentos sociais e às esferas de ação política, reconhecendo como indissociáveis os campos acadêmico e político e expressando o compromisso de estudiosas/es/os sobre o continente africano na edificação de saberes. A Rede compreende os Estudos Africanos em sua pluralidade disciplinar e dialógica, abarcando pesquisadoras/es de diversas áreas de estudos sobre África em paralelo ao que o historiador burquinense Joseph Ki-Zerbo, na introdução do primeiro volume da coleção História Geral da África, definiu como fundamental às pesquisas em torno do continente africano: a interdisciplinaridade diante da variedade de documentos e evidências acerca de África e de sua particularidade no que diz respeito à urgência de métodos e abordagens.
OBJETIVOS
Objetivamos com a REDE – ESTUDOS AFRICANOS E DA DIÁSPORA promover ações conjuntas entre pesquisadoras/es de temáticas africanas a partir do desenvolvimento de projetos de pesquisa e extensão decorrentes de abordagens e temas comuns à rede;
Objetiva-se, também, a realização de reuniões, encontros e congressos sob o fim de socializar e trocar reflexões e análises em torno dos Estudos Africanos, bem como estimulá-los nas estâncias políticas e acadêmicas em âmbitos regionais, nacionais e internacionais;
Por fim, a Rede tem como objetivo a cooperação de pesquisadores/as e entidades nacionais e internacionais na edificação em largo alcance de pesquisas e estudos acerca das realidades africanas, além da possibilidade de convênios, intercâmbios e ações visitantes de docentes e discentes vinculadas/es/os aos projetos e instituições associados à Rede.
JUSTIFICATIVA
O campo dos Estudos Africanos e da Diáspora, especificamente no que diz respeito às análises históricas sobre África, vem sendo ampliado nos últimos anos nos contextos acadêmicos nacionais e internacionais. Especificamente nas últimas três décadas, cada vez mais pesquisas e publicações brasileiras acerca do continente africano vêm marcando o desenvolvimento da área. Este contexto é perpassado, além do interesse acadêmico paralelo ao gradativo desenvolvimento global da área, pela fundamental atuação política dos movimentos sociais, especificamente o Movimento Negro Brasileiro, cujas reivindicações históricas em torno do desenvolvimento acadêmico e pedagógico de conteúdos em torno da história de africanas/os e seus descendentes na diáspora despontaram com a promulgação da lei nº 10639 de 2003, a tornar obrigatório o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nos espaços de ensino no Brasil.
Compreendendo o cenário brasileiro marcado pelas lutas do movimento negro em torno das denúncias por visibilidade histórica e epistemológica no que tange às populações africanas e negras na diáspora, buscamos como perspectiva suleadora no desenvolvimento da Rede enxergar a relevância política de conteúdos e abordagens relativos às realidades africanas no passado e no presente, em uma abordagem teórica comprometida na luta contra o que a filósofa brasileira Sueli Carneiro definiu com o epistemicídio, a compreender não só a subjugação de saberes subalternizados, como também a manutenção de mecanismos repressores de saber a persistirem na carência de populações subalternizadas pela colonialidade e o racismo. Em paralelo, compreendemos a necessidade de pontuar analiticamente a distinção que as realidades africanas possuem em relação às experiências afro-diaspóricas no Brasil, uma vez que as primeiras possuem processos históricos e políticos a abarcarem o fenômeno da diáspora, mas também muitos outros elementos inseridos na trajetória histórica de África sob fatores exógenos e endógenos às populações africanas, como apontou o historiador congolês Elikia M’Bokolo no primeiro volume da obra África Negra: História e Civilizações.
Assim, justifica-se a consolidação da Rede a partir de demandas próprias à urgência do desenvolvimento dos Estudos Africanos, campo em ascensão nacional e internacional sob perspectivas de análise variadas. No entanto, nossa proposta assenta-se na demanda igualmente em ascensão dos Estudos Africanos comprometidos com as perspectivas africanas e os fatores endógenos ao continente, de maneira a observar nos documentos, fontes e métodos utilizados, sobretudo, a visão dos próprios sujeitos históricos africanos quanto a seus modos de ser e viver para além do peso das representações, epistemologias e dicotomias herdadas de matrizes coloniais ocidentais.
PESQUISADORAS/ES E INSTITUIÇÕES CONFIRMADOS
Carol Lima de Carvalho (Doutoranda – PPGH/Universidade do Estado de Santa Catarina)
Profª Drª Cláudia Mortari (Universidade do Estado de Santa Catarina)
Prof. Ms. Fábio Amorim Vieira (Universidade do Estado de Santa Catarina)
Profª Dra. Fernanda Oliveira da Silva (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Prof. Dr. Filipe Noé da Silva (Universidade do Estado de Santa Catarina)
Prof. Dr. Joaquim Paka Massanga – (Universidade Onze de Novembro)
Prof.ª Dra. Karine de Souza Silva (Universidade Federal de Santa Catarina)
Prof. Dr. Marcello Assunção (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Ms.ª Tathiana Cristina da Silva Anizio Cassiano (Doutoranda – PPGH/Universidade do Estado de Santa Catarina)
Ms. William Felipe Martins Costa (Doutorando – PPGH/Universidade do Estado de Santa Catarina)


